O PODER DA AMIZADE

"Se, portanto, me consideras companheiro, recebe-o, como se fosse a mim mesmo." Fm 1,17

Fazendo um pequeno pano de fundo histórico, poderemos tirar um melhor proveito dessa bela carta de Paulo a Filemon. Primeiramente, Paulo por volta do ano 53 d.C. esteve em Éfeso por ocasião de sua terceira viagem missionária, para com isso confirmar a fé dos irmãos, doutrinar e ensinar as igrejas e como de praxe, pregar Cristo a quem lhe fosse possível pregar. Nesse ínterim, Paulo se deparou com um homem chamado Filemon, onde teve o prazer de lhe pregar o evangelho de Cristo   Jesus, e com isso, houve através de sua pregação a conversão de Filemon. Após o ocorrido, Paulo seguiu seu caminho, deixando as instruções para as igrejas, chegando em Jerusalém, Paulo ficou ali para instruir alguns irmãos, inclusive tomou-os e com eles foram se purificar(conforme decretava a lei mosaica) durante sete dias tendo que comparecer ao templo no terceiro e no sétimo dia do processo, e no sétimo dia, foi Paulo preso. Após, muitos ocorridos, Paulo apela a sua cidadania romana, para que por ser cidadão, fosse julgado na capital do mundo na época(Roma). Para isso, levaram-no lá, e feito alguns discursos em sua defesa, o imperador César Augusto, permitiu-lhe uma "condicional", onde teria Paulo direito de morar por sua conta na cidade, desde que 24h por dia estivesse sob vigilância dos soldados romanos.
Enquanto isso, em Éfeso, Filemon comandava seus negócios, e delegava tarefas aos seus subordinados, onde existia um por nome Onésimo. Após, muito tempo de serviço a Filemon, Onésimo teve más intenções contra seu senhor, e lhe furtou uma quantia de dinheiro, após isso, fugiu da pequena cidade de Éfeso para a grande capital Roma. Onde, provavelmente pensaria em conseguir guinar sua vida, com o dinheiro que havia furtado. Porém, não obteve muito sucesso nessa investida, e por ocasião divina em meio aos seus bateres de pernas pela capital, se deparou com Paulo, e este, sem perder uma oportunidade sequer, expôs-lhe o evangelho. Onésimo tendo crido, converteu-se ao Caminho(como era chamado o cristianismo na época, este nome soava como herege/seita entre os judeus) e passou a seguir as instruções que Paulo lhe dava acerca do evangelho. Onésimo estava sendo útil a Paulo em seu ministério, como o próprio Paulo diz: "queria conservá-lo comigo mesmo para, em teu lugar(no lugar de Filemon) me servir nas algemas que carrego por causa do evangelho."vv 13.
Vemos a utilidade que tinha este antigo escravo, e agora irmão em Cristo para Paulo. E, Paulo, cônscio de que lhe era devido fazer as coisas corretamente, resolveu então comunicar Filemon por meio de uma carta, entregando-lhe com a mesma o antigo escravo ladrão e fujão, mas, que agora se tornara "irmão caríssimo"(vv16) em Cristo.
Paulo apela para a amizade que tem com Filemon, para que este sem receios recebesse de volta aquele que lhe houvera roubado, e Paulo apela para o fato de que também Filemon tinha uma dívida com Paulo, que era de elevado valor se comparado a este pequeno furto, se tratava da salvação de sua alma. Portanto, Paulo diz: "Se, portanto, me consideras companheiro, recebe-o, como se fosse a mim mesmo."(vv17). Paulo tinha plena certeza de que seu amigo iria lhe fazer este favor, mas, mesmo que Filemon recebesse Onésimo e tivesse qualquer tipo de infortúnio, Paulo garantiu que pagaria por qualquer dano ou dívida que pudesse acontecer(vv18).
Olhando para essa bela história, podemos tirar muitas lições. Por conseguinte, irei ater-me a apenas três: 1- O valor da amizade; 2-O valor do perdão; e 3- O valor da reconciliação.
Não é preciso escrever sobre cada uma das lições, pois o texto já nos mostra que isso vigora nele. Agora, uma boa reflexão cabe-nos: Será que eu no lugar de Filemon, receberia de volta alguém que tinha minha confiança e que me trapaceou? Será que teria a capacidade de perdoar algo assim pelo valor de uma amizade? Será que trataria com o mesmo amor que tratei antes, essa pessoa que me danou?
Essa é uma das várias reflexões que podemos trazer para nós hoje através da carta de Filemon.
De escravo ladrão e fujão, para irmão mui amado e braço direito, só o amor de Cristo é que pode reverter uma história assim.