Afrontar
alguém é algo que exige do afrontador uma disposição acirrada e uma coragem
desmedida, pois precisa estar preparado para qualquer reação imaginável de seu
afrontado; caso contrário não passa de blefe, e quem blefa não consegue por
muito tempo amedrontar seu oponente.
Há vários
episódios onde é possível ver claramente Deus afrontando os deuses estranhos
dos povos circunvizinhos a Israel, neste caso em especial quero citar o confronto
que houve no século V a.C. onde no monte Carmelo houve uma disputa entre
deuses, mas antes de entrar diretamente nos detalhes da batalha, é necessário
que se veja o que ocorreu antes da mesma.
Todo o
afrontador utiliza-se de sinais para intimidar seu oponente, e mostrar quem é
que detém o poder, a força. Antes que houvesse esse confronto no monte Carmelo,
Deus havia enviado um sinal ao povo samaritano, que tinha por rei na época o
senhor Acabe, e esse aviso foi o de que por três anos e meio não haveria chuva
em sua terra, ocasionando numa improdutividade vasta por toda a terra, pois o
povo necessitada da chuva e do orvalho matinal para boas colheitas. Este sinal
incomodou muito tanto o povo quanto o seu deus(baal), pois Baal era conhecido
por ser o deus das chuvas e da fertilidade; mas quando houve uma real
necessidade deste lhes provar a existência, nada fez.
Este sinal
enviado por Deus aos samaritanos logrou êxito, pois eles ficaram como que
desesperados ante a situação desesperadora em que estavam enquadrados. Então
após três anos e meio Deus novamente mostra-se disposto a disputar contra Baal
o seu poder. Agora sim haverá um confronto direto, Deus usando o profeta Elias
faz uma convocação geral de seus oponentes e os direciona ao monte Carmelo,
para que lá seja feito o confronto. Elias com toda sua ousadia propõe aos profetas
de Baal o desafio, a afronta que Deus planejara. “e há de ser que o deus que
responder por fogo esse é que é Deus”(1 Rs 18,24); dito isso Elias permite que
os 450 profetas de Baal façam suas interseções primeiro, e durante todo o tempo
da manhã os baalins clamavam: “Ah! Baal, responde-nos!”(1 Rs 18,26), e durante
toda a manhã estiveram na presença de um deus inexistente, irreal, que nada
podia fazer pelo simples fato de não existir. Com isso vem uma afronta
intimidadora de Deus por meio de Elias: “Clamai em altas vozes, porque ele é
deus; pode ser que esteja meditando, ou atendendo a necessidades, ou de viagem,
ou a dormir e despertará”(1 Rs 18,27); insultados os profetam insistem em seus
clamores, agora autoflagelando-se com facas e lancetas, segundo eram seus
costumes. “Passado meio-dia, porém não houve voz, nem resposta, nem atenção
alguma”(1 Rs 18,29). Após essa infrutífera tentativa de 450 homens por resposta
a um deus, chegou a hora de um homem só, clamar ao seu Deus. Com o calor que
estava fazendo no momento em que Elias iria iniciar seu clamor, este insistiu
que fosse encharcado o local onde se encontrava a oferta dedicada aos deuses
para que não vissem a pensar que por ventura Elias fosse beneficiado pela ação
do sol. Assim feito Elias diz: “Ó SENHOR, Deus de Abraão, de Isaque e de
Israel, fique, hoje, sabido que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo e
que, segundo a tua palavra fiz estas coisas. Responda-me, SENHOR, responda-me,
para que este povo saiba que tu, SENHOR, és Deus,[...]”(1 Rs 18,37-38).
Imediatamente houve resposta da parte de Deus, com fogo o Senhor consumiu toda
a oferta, e ainda lambeu a água usada para encharcar o altar das
oferendas. O motivo dessa afronta de
Deus para com o inexistente deus Baal dos samaritanos foi devido a tentativa
dos israelitas de quererem conciliar a adoração a Deus e a adoração a Baal,
desta forma tinha de acontecer algo para que essa oscilação desse cabo. A
sugestão de Elias sobre o deus que responder com fogo é o Deus verdadeiro,
dá-se ao fato de que os seguidores de Baal tanto quando os adoradores do Senhor
Deus acreditavam que seus senhores controlavam os trovões, os relâmpagos e as
tempestades, e a resposta com fogo seria um teste justo para mostrar o Deus
verdadeiro.
A lição que podemos tirar desse confronto entre
um Deus existente e poderoso e um “deus” criado por homens e impotente, é que
quando não nos submetemos deliberadamente ao senhorio de Deus teremos sérios
problemas, pois logo estará entendido que se não necessitamos de Deus, estamos
tão somente nos opondo a Ele, então Ele virá até nós nos intimidando e nos
afrontando; e será que quem sairá vencedor? Como diz Charles Spurgeon:
“Pensemos em nós, e seremos humilhados por esse pensamento”. Antes de nos
colocarmos como deuses de nossas vidas, que pensemos em quem detém o poder para
que seja reconhecido como Deus, e um Deus poderoso.
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